Comida e bebida

À espera do novo Aquavit

À espera do novo Aquavit

simon lau

Se tem uma coisa que os foodies de plantão estão esperando para este ano que acaba de começar é a inauguração do novo restaurante do chef Simon Lau Cederholm. Por essa razão, decidi falar sobre o assunto nesse primeiro post de 2014.

O nome ainda não está definido, mas deve permanecer o mesmo com algo a mais, talvez um sobrenome. Já o lugar… bom, o lugar estava para ser confirmado quando tive a minha última conversa com o chef dinamarquês. É na Asa Sul, mas longe das quadras abarrotadas de carros. Previsão de estacionamento confortável. Eba!

Simon me contou que pretende continuar com suas pesquisas, embora tenha a ciência de que o trabalho será ainda mais árduo nesse novo empreendimento, tendo em vista que a casa irá funcionar mais dias por semana, para almoço e jantar.


A ideia é seguir a linha do Aquavit antigo, que encerrou suas atividades em agosto de 2013, depois de ser condecorado com as três cobiçadas estrelas do Guia 4 Rodas, ao lado de apenas outros cinco restaurantes do país. Coisa para poucos, por isso, o pessoal da gastronomia ficou bastante entristecido com o fechamento. Eu fiquei furiosa com essa “burrocracia” e com a falta de incentivo às novas ideias. É engraçado como os governantes abrem os olhos para umas coisas e fecham para outras… Enfim, o fato é que ele voltará e espero que ainda mais forte.

O menu terá pratos de preparo um pouco mais rápido. Isso dá agilidade na cozinha e também diminui o custo, o que é uma prioridade para o chef. “Quero que as pessoas frequentem mais vezes o restaurante”, diz, ressaltando que o preço menor dará oportunidade de mais pessoas conhecerem a sua proposta gastronômica.

Os ingredientes continuarão as ser frescos, e as referências goianas aprendidas com Dona Neuza, a sogra, também permanecerão, afinal, o que seria do Aquavit sem a sopa de sabugo de milho?

A casa deve abrir no primeiro semestre e eu aguardarei ansiosa para dar essa notícia a você. Sabe por quê? Porque não tenho medo de falar que admiro esse cara e o trabalho que ele vem realizando em prol da cozinha brasiliera. Tem gente que cozinha mais do que ele? Tem. Tem gente mais famosa que ele? Tem. Tem comida mais barata que a dele? Tem também. Mas nada disso não diminui o esforço em divulgar os ingredientes do cerrado. Aliás tem gente que poderia fazer muito mais que ele e não faz. Pronto, falei!

A paixão que esse dinamarquês tem pelo Brasil me comove. Quando criança ele passava o carnaval grudado na televisão, assistindo aos desfiles de escolas de samba e sonhava em conhecer de perto aquelas cores vivas representadas na passarela. Só para ressaltar, fevereiro, quando geralmente cai a data momesca, é o mês mais frio na Dinamarca.

Até que em 1986, ele finalmente combinou a viagem que mudaria a sua vida. Iria para Los Angeles e depois Caracas. Mas ao ouvir o disco de João Gilberto, Stan Getz e Tom Jobim na casa de um amigo, mudou a passagem para ir direto à Colômbia para, em seguida, chegar ao Brasil pela Amazônia. A primeira refeição foi paçoca e refrigerante Mirinda. O de comer trouxe de seu inconsciente uma sensação de déjà vu ou o prenúncio do que viria adiante. 

Foram cinco meses de viagem e muitos perrengues pela Amazônia (ele chegou a viajar escondido num barco) e pelo Nordeste do país até chegar ao Rio de Janeiro, onde ficou por mais seis meses. Intercalava o trabalho em restaurantes ou como professor de inglês com a praia e a vida em Santa Tereza. Depois, chegou a hora de voltar a seu país e se formar em arquitetura.

Depois de oito anos de idas e vindas, o amor pelo Brasil falou mais alto. Simon trabalhou na embaixada da Dinamarca, chegou a ser vice-cônsul, participou da visita da rainha ao país, organizou eventos culturais. Mas, em 2003, a vontade de se dedicar à cozinha o levou de volta à casa, dessa vez para fazer estágios em restaurantes de lá.

O Aquavit nasceu em 2005, na casa construída por ele e seu companheiro diante do Lago Paranoá. Simon ignorou os que diziam que o público não entenderia a sua comida. Hoje, diz que um chef de cozinha nunca deve subestimar seus clientes. Aprendeu muito e ensinou também. Sua equipe é fiel. Léo e Alexandre estão sempre com ele e contribuíram demais para que esse sonho acontecesse. 

O encerramento das atividades naquela casa não acabou com esse sonho. Fez crescer outro, que está prestes a se realizar. Sim, mais gente vai poder se deliciar com a comida e a presença desse cara. Simplesmente porque ele acredita.

E você, também acredita que seu sonho é possível?

Um feliz 2014!

1 Comment

  1. Ainda não, Luciane. Estou no aguardo de informações sobre esse assunto.
    Quando tiver alguma notícia, você verá por aqui.
    Obrigada pela participação.

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