Comida e bebida

Alex Atala: “Comida é prazer! Comida é alegria! Comida é sexy!”

Alex Atala: “Comida é prazer! Comida é alegria! Comida é sexy!”


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Por Patricia Ribeiro
Fotos: Wendel Gomes

Famoso, com reconhecimento internacional, o chef Alex Atala dispensa qualquer tipo de apresentação. Ele é o que podemos definir como o “ouro nacional” da gastronomia. Dentro e principalmente fora do Brasil. Pronto, simples assim.

Simples mesmo, pelo menos sobre como ele trata o Brasil e como, por vezes, consegue resolver problemas encontrados nas várias frentes para se “criar e vender um produto nacional” mundo a fora. Tudo com o comprometimento de um chef e cozinheiro nada simplório em suas preocupações e ações, que o capacitam a desenvolver projetos com foco no fazer e no saber fazer.

Sempre com um novo olhar para a gastronomia, não deixando de lado o espírito crítico que fomenta questões sérias para realização de processos usados para quebrar “velhos” paradigmas para alcançar o sucesso que é.

Atala discutiu o tema “O Negócio da Gastronomia”, no primeiro dia do evento Mesa Ao Vivo Brasília realizado no auditório do IESB na última quarta-feira (13), que teve lotação completa. Depois de citar a perda de Eduardo Campos, anunciou a todos mais uma honraria para o seu acervo de conquistas: o Prêmio Internacional Dinner Club pelo conjunto da obra, articulado pela academia Os 50 Melhores Restaurantes da América Latina, que avaliou sua contribuição “essencial à identidade culinária do Brasil nessa região e no mundo”.

“Hoje é um dia muito feliz da minha vida, recebi a notícia desse prêmio, Os Melhores da América Latina. Prêmio que se dá a uma pessoa pelo trabalho que construiu. Lógico que fiquei muito feliz de receber esse prêmio e quero dividir essa alegria com vocês”, disse. Muito aplaudido, continuou: “Eu já não sou mais menino, tenho 46 anos, então, acho muito cedo para dizer…E acho que esse prêmio deveria ser dedicado a quem realmente começou esse trabalho, que é reconhecermos a cozinha brasileira. Não existiria o Alex Atala hoje se não existisse Claude Troisgros, Laurent Suaudeau, Michel Darqué. Chefs que vieram para o Brasil e iniciaram esse trabalho. Esses, sim, faço questão de aplaudir pessoalmente”.

Atala continuou a palestra com uma visão histórica sobre a evolução dos chefs, seus segredos e sua cozinha até a questão da velocidade das informações aceleradas com o poder das redes sociais. “Hoje, o chef não tem segredos. Se quer ser o primeiro a contar alguma coisa, tem de ser o primeiro a postar”, disse. Para ele, a maior rede social do mundo é a comida e isso move todo o cenário da gastronomia mundial e a relação do cozinheiro, dos restaurantes e de todo o processo da cadeia produtiva até chegada da comida à mesa.

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Cadeia produtiva

Segundo Atala, o sucesso de um negócio de gastronomia está ligado diretamente à mudança de comportamento do empresário do setor, ou seja, não se deve pensar na comida feita da cozinha para dentro do restaurante. A cozinha deve ser pensada de fora do restaurante até o prato do comensal. Atala citou uma frase da Chef Roberta Sudbrack que diz “O mise en place de um restaurante começa na natureza, com os agricultores”.

Atala considera que não se faz nada sozinho e a cadeia produtiva deve ser entendida e principalmente levada a sério como um processo de cidadania saudável. “O ciclo deve ser virtuoso, e não vicioso”, disse. “Isso significa incentivar o pequeno produtor rural a ficar onde está e produzir ingredientes incríveis para se criar pratos incríveis” completou.

Esse cenário incentivaria o crescimento da economia local do estado a partir daquela cidade ou região. Seria uma espécie de higiene ambiental. “Eu não consigo fazer a comida que eu faço sem meus fornecedores. E o valor do cozinheiro está em não se afastar do ingrediente” enfatiza. Ainda nessa linha de abordagem, a utilização de produtos com poder gastronômico ainda desconhecidos é uma vantagem considerável.

Alex Atala não poupou pontos polêmicos durante a palestra, entre eles, as dificuldades e as barreiras burocráticas para o avanço de projetos dentro da gastronomia. A maior bandeira levantada, entretanto, foi a necessidade de se tomar consciência que um chef ou um restaurante podem não mudar a realidade da gastronomia, mas podem sim mudar os rumos dentro dessa cadeia produtiva do cenário do agronegócio.

Afinal, a paixão pela cozinha é sua maior estratégia de mudança e reconhecimento mundial. “Comida é prazer! Comida é alegria! Comida é sexy!”, concluiu Atala.

 

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