Ninguém duvida que a França tem grande influência na cultura de vários países, em especial naqueles em que foi colonizadora. Por aqui, percebemos essa intervenção em algumas palavras que usamos cotidianamente, como abajour, sutiã, ateliê, buquê.
Se levarmos o dicionário para a mesa, também é fácil encontrar verbetes que chegaram por aqui por conta da influência do país das Olimpíadas de 2024, como vinagrete, Champanhe e, pasmem, até mesmo restaurante. Sim, essa palavra vem de restaurant, que era um caldo restaurador, servido a doentes ou a pessoas cansadas de trabalhar o dia inteiro em estalagens. Depois, em 1765, na Rue des Poulies, em Paris, um homem chamado Boulanger, inovou ao vender outras receitas em seu estabelecimento, que ficou conhecido como um “restaurante” ou lugar para restaurar.
França no prato
Bom, o fato é que a comida francesa também está bem inserida em nossa cultura gastronômica. E foi pensando nisso, e nas Olimpíadas que estão rolando por lá, que eu decidi fazer esse roteirinho maroto aqui. Mas seria muito óbvio indicar casas francesas, né?
Como eu gosto de desafio, fui buscar em minha memória receitas clássicas que podem ser encontradas em estabelecimentos que não se intitulam franceses. Esses são achadinhos meus e, devo dizer, alguns são melhores do que os servidos em casas declaradamente gaulesas. Anota aí e manda para os seus amigos não perderem essas dicas.
Croissant
Castália – 102 Norte e 304 Sul
A história da padaria remete à panificação ensinada na Califórnia. Todavia, os folhados servidos por lá têm um lugarzinho especial no meu coração. O croissant é um dos melhores da cidade. Então, não tinha como ela ficar de fora dessa lista. Sai a R$ 9,50, a unidade.
Steak tartar
Altas Gastrobar – 206 Norte
Esse speakeasy tem coquetelaria marcante, muito bem-feita, e um dos destaques é, sem dúvida, o steak tartar. A receita tem uma pegada um bocadinho mais apimentada do que o normal, mas a combinação de sabores é ácida, salgada e picante na medida. Gosto de acompanhar o Negroni. Sai a R$ 68,50.
Sopa de cebola
IVV Swine Bar – 314 Norte
Quem me conhece sabe que eu amo sopa em todas as estações e horários. Essa receita vem com massa folhada e bem quente. Para noites frias, como as de agora, é perfeita para acompanhar um vinho branco encorpado, como um Chardonnay passado em madeira, ou um tinto leve, como um Pinot Noir da Borgonha, na França. Não deixe de provar para me dar razão. Cada porção sai a R$ 33.
Filé au Poivre
Rota do Vinho – 410 Sul
Outro dia, escrevi que esse winebar tem me surpreendido positivamente por conta da comida sempre caprichada. Pois bem! O filé au poivre tem molho marcante e a companhia de uma batata rosti deliciosa. Além disso, a carne vem no ponto que eu gosto, bem rosada por dentro. Bom para o frio e para harmonizar com um Syrah, que tem notas apimentadas e de especiarias. Se for da França, melhor. O prato sai a R$
Crème Brûlée
Madre Teresa Deli – Taguatinga Sul
Essa nova sobremesa da Madre está deliciosa. O creme é muito leve e saboroso, com um toque de cumaru. Maaas, já fica o aviso de que é proibida para crianças, hein? É que, por cima, vai uma leve borrifada de whisky. Aproveite a ida à Taguatinga para provar o steak tartar também.
Éclair
Adélia Padaria – 714 Norte
Aqui no Brasil ela é chamada de bombinha, mas é difícil encontrar um lugar em que a massa seja aerada e nada ressecada. Aqui na Adélia é sucesso, uma das minhas pedidas em todas as vezes que vou lá. Pode pedir sem medo! Aproveita e coma a Choux também.
Boulevardier
SS Gastrobar – 407 Sul
Boulevardier é o nome da revista fundada pelo escritor americano Erskine Gwynne, em Paris, na década de 1920. Apreciador de coquetéis, ele teria substituído o gin do Negroni pelo whisky, criando esse novo drinque que se tornou um dos mais populares entre os endinheirados da França. Por aqui, um dos meus favoritos é o preparado pelo mixologista Gustavo Guedes, no SS. É para paladares que aceitam bem drinques com grau alcoólico e amargor mais elevados.